
Tendo como base a Gold Wing 1800 lançada em 2001, a marca desenvolveu esta nova versão Deluxe, melhorando de forma importante o já de si elevado nível de equipamento.
Para não perder para as outras inclui também um sistema de navegação, que igualmente pela primeira vez aparece integrado no painel, e não agarrado de forma mais ou menos sólida.
O seu painel digital, centrado entre o guiador, oferece ainda informação do computador de bordo, equipamento sonoro, relógio e totalizadores quilométricos.
Na realidade, sempre gostei de me sentar aos comandos de uma GoldWing, mas agora impressiona muito mais ainda antes de nos fazermos à estrada.
Há comandos e botões por todo o lado, mais de cinquenta seguramente, sem contar com a saída de ar quente para as pernas, ou o sistema de regulação da altura do ecrã.
Na realidade, se nunca experimentaram andar numa GoldWing, terão de gastar algum tempo a aprender todas as funções de que dispõe, para além de terem que acelerar, travar, embraiar… e, o que é mais importante, sem nunca deixar de prestar atenção à estrada.
Não é fácil, garanto.
ImponentePara além do preço que custa, a Gold Wing impressiona seja de que ângulo for. O motor de seis cilindros, com 1832 cc e um binário descomunal verificado de quase 15 kgm, 417 kg em ordem de marcha sem ocupantes nem bagagem, mais de 2.600 mm de comprimento e uma estética impressionante devido à enorme área frontal, e à sua não menos portentosa silhueta, com três malas e escapes a saírem por baixo, não deixam ninguém indiferente.
Parece mentira que uma moto assim possa ser manejada com tanta “facilidade”.
A resposta do seu motor e a finura do seu funcionamento são, em parte, responsáveis pela sensação agradável que transmite ao andar-se “dentro” dela. Apesar da caixa de velocidades não ser tão rápida de accionar como gostaríamos, na altura de levar o seu motor até ao limite da zona vermelha o seu funcionamento é digno de elogio, não havendo nada igual no mercado.
A zona vermelha começa às 6.000 rpm, cortando a ignição às 6.470 rpm no nosso banco, mas mesmo assim pode-se dizer que tem uma ampla faixa de utilização, já que responde desde as 1.000 rpm de forma exemplarmente linear.
Os 107 cv que rendeu no banco notam-se bem e catapultam literalmente a Gold Wing em cada uma das acelerações a que a submetemos. É evidente que não é uma moto desportiva, mas é garantido que acelerar a fundo e trocar de caixa é um exercício de prazer, em parte porque se nota também a enorme inércia que a acompanha.
Para curvar também.
Apesar do seu terreno de eleição serem as vias rápidas, esta Gold Wing surpreende pelo seu comportamento nas zonas reviradas, sempre que não se tente superar os limites que ela própria se encarrega de estabelecer. Manter ritmos tranquilos, sem agressividade e enlaçando as curvas, marcando-as com antecedência, pode ser até divertido, sem nos esquecermos de que estamos a falar de algo com 550 kg em movimento.
Com tudo isto, o seu sistema de travagem funciona com potência suficiente para a controlar, devendo-se, no entanto, ter em atenção que se deve antecipar um pouco as distâncias de travagem, e as suas suspensões funcionam correctamente, tendo em conta que na traseira têm apenas 105 mm de curso. Se a forçarmos mais do que a conta os pousa-pés dianteiros começam a bater no chão e se insistirmos começam a aparecer movimentos indesejados.
De todos os modos, mesmo com um pouco mais de esforço em alguns momentos do que o normal, conseguimos levá-la para onde queremos. Deve-se, no entanto, ter em atenção que esta moto não foi feita para fazer esforços, mas sim o contrário, conduzir de forma relaxada. Foi construída para desfrutar dos trajectos a ritmo paisagístico, de preferência com passageiro, aproveitando o equipamento sonoro e o sistema de intercomunicação disponível como opção. É importante também referir que a sua protecção é tão boa que permite falar directamente com os passageiro desde que a velocidade não seja elevada.
Como ponto menos agradável o facto dos altifalantes traseiros serem opcionais, tal como o sistema de mudança de CD’s. De qualquer forma são pequenos contras numa moto com o calibre e a magnificência desta GL 1800 Gold Wing Deluxe, não havendo nada de realmente igual no mercado.
Air Bag
Mal foi apresentada, há pouco mais de um ano, Honda Gold Wing GL 1800 Deluxe entrou para a história da indústria, ao tornar-se na primeira moto produzida em grande série a incorporar um sistema de airbag como equipamento de origem.
Situado na parte superior da peça que simula o depósito de combustível, este sistema é composto por três componentes principais:
O primeiro é o próprio módulo do airbag, que está acompanhado por um sistema de enchimento, incorporando o detonador e a botija de nitrogénio. O segundo componente que este sistema possui é a centralina, ECU – Unidade de controlo electrónica – que, colocada à direita do módulo, se encarrega de analisar os sinais que lhe são enviados pela terceira parte do sistema, os “crash sensors”, determinando quando deve ser insuflado o airbag. Estes sensores, colocados dois a dois em cada um dos lados da forquilha, encarregam-se de detectar as desacelerações produzidas pelos impactos frontais.
A Honda realizou múltiplos “crash tests” com “dummies” – manequins especificamente desenvolvidos para este tipo de testes, e, até terem conseguido resultados que consideraram plenamente satisfatórios, não colocaram em produção este sistema, inédito no mercado motociclístico, obviamente.
Como é lógico, a Honda aproveitou toda a sua enorme experiência com os automóveis que fabrica para o criar e, segundo declararam, o enchimento do airbag é feito em apenas 0,06 segundos. Parece rápido, e se nos puder salvar de possíveis lesões, ainda melhor.

Ficha técnica:
Motor | |
Tipo | 4T, seis cilindros boxer longitudinal, refrigeração líquida |
Distribuição | SOHC, 2 válvulas p/cilindro |
Cilindrada | 1832 cc |
Diâmetro x curso | 74 x 71 mm |
Potência declarada | 118 cv às 5.500 rpm |
Binário declarado | 17 kgm às 4.000 rpm |
Alimentação | injecção electrónica PGM-FI |
Arranque | eléctrico |
Embraiagem | multidisco em banho de óleo |
Caixa | cinco velocidades |
Transmissão secundária | corrente |
Ciclistica | |
Quadro | dupla viga em alumínio |
Suspensão dianteira | forquilha convencional com 45 mm de diâmetro, 140 mm de curso |
Suspensão traseira | monoamortecedor progressivo, 105 mm de curso, pré-carga electrónica |
Travão dianteiro | 2 discos de 296 mm, assistidos por pinças de três pistões, com Dual ABS |
Travão traseiro | disco de 316 mm, com pinça de três pistões e Dual ABS |
Roda dianteira | 130/70-18’’ |
Roda traseira | 180/60-16’’ |
Dimensões | |
Peso a seco | 381 kg |
Altura do assento | 740 mm |
Distância entre eixos | 1530 mm |
Cap. do depósito | 25 litros |